DISTÚRBIOS NOS OLHOS
Inflamações no olhos ocorrem em um grande número de pacientes portadores da doença de Crohn.
As mais comuns são conjuntivite, inflamação parcial ou completa da esclerótica (parte branca globo ocular), inflamação da Íris, inflamação da membrana intermediária do globo ocular e inflamação da retina.
A inflamação da esclerótica ou da Íris é comumente associada a doença de Crohn e pode ocorrer acompanhando ou não um ataque agudo da doença.
O tratamentos dos distúrbios oculares inclui colírios a base de cortizona e o tratamento efetivo da doença inflamatória intestinal.
Os distúrbios oculares, na doença de Crohn, muito provavelmente são causados por uma reação tipo antígeno – anticorpo.
Ë importante, tanto para o paciente quanto para o médico, considerar a possibilidade do envolvimento ocular na doença de Crohn, assim os primeiros sintomas surjam, o paciente já receba imediatamente o tratamento oftálmico necessário.
Mudanças na pele e na mucosa ocorrem em ao redor de 40% dos pacientes com Crohn. Lesões avermelhadas dolorosas, que em muitos casos são observadas antes das manifestações intestinais da doença, podem ser importantes indicações do mal de Crohn; estas podem parecer na mucosa bucal ou na região anal.
Os dermatologistas chamam estas alterações de inflamações granulomatosas em função de características das células do sistema imunológico presentes nesses locais.
Elas são particularmente comuns ao redor de fístulas e em locais onde ocorra fricção cutânea, como mamas e virilha. Sem conexão direta com o trato intestinal, as reações granulomatosas também podem ocorrer nos lábios e na bochecha, com dores muito fortes nas bordas da língua.
Muitas das alterações epidérmicas parecem estar associadas com a perda ou a reduzida absorção de vitaminas e de oligoelementos, que ocorrem em função da diarréia, que causa perda de sangue e fluidos. Por exemplo, a inflamação da língua (glossite),pode ser resultante de um quadro anêmico.
Transtornos semelhantes ao eczema na região bucal são atribuídos à carência de zinco, que é um importante oligoelemento para a defesa endógena A deficiência do zinco também ocasiona atraso no processo de cura. Quando a função de defesa da pele é danificada pode ocorrer uma invasão por fungos (monília).
Em casos muitos raros, tanto o fígado quanto a vesícula podem ser envolvidos na doença. Este envolvimento é evidenciado em laboratório pelo nível elevado de enzimas hepáticas no sangue.
Proliferações celulares nodulares conhecidas como granulomas também podem se desenvolver no tecido hepático, do mesmo modo como são evidenciadas na mucosa intestinal.
Em casos muito raros, os anticorpos presentes no Crohn podem também reagir com a superfície dos ductos biliares. Isto causa uma inflamação não especifica dos ductos(colangite), causando constrição como resultado da inflamação. Neste caso, a bile retida pode produzir pedras na vesícula, e em decorrência, o sintoma de cólica da vesícula biliar pode surgir.
Problemas com o pâncreas são raros mas também podem ocorrer na doença de Crohn. Alguns fármacos utilizados para tratar a doença de Crohn (sulfasalazina, mesalazina)podem desencadear uma inflamação pancreática(pancreatite).
Alem disso, a pancreatite aguda pode ser produzida pela própria inflamação intestinal.
O motivo disso é que a doença de Crohn pode provocar mudanças no duodeno; com o pâncreas produz importantes enzimas digestivas, que são secretadas para o duodeno através de um ducto muito pequeno, se este ducto estiver inflamado ou bloqueado, as secreções digestivas poderão congestionar o pâncreas.
As alterações nas enzimas digestivas são observadas em alguns pacientes com Crohn e são atribuídas a distúrbios digestivos do intestino inflamado ou mesmo aos efeitos no sistema imunológico.
DISTÚRBIOS PSICOLÓGICOS NA DOENÇA DE CROHN.
Somente nos anos recente os pesquisadores tem estabelecido uma ligação entre alterações nervosas e respostas psicológicas.
Certos nervos do sistema vegetativo (que controlam funções independentes de nossa vontade e essenciais para a vida) tem efeito inibitório ou estimulador no sistema imunológico. Pesquisadores notaram que as células nervosas do cérebro não somente regulam o sistema imunológico mas, informações originadas do sistema imunológico alcançam os nervos e o cérebro
Um eixo importante de formação e regulação hormonal vai do cérebro às glândulas drenais. Corticoides, insulina, hormônios do crescimento e hormônios sexuais são regulados e estimulados da mesma forma.
A reação do tipo antígeno-anticorpo é também influenciada por um sistema parecido com este, e estimula o sistema imunológico a aumentar a produção de glicocorticoides. Ocorre então uma contra reação endógena à imunização. As citokinas, que são importantes na trasmissão da informação entre as células inflamatórias (linfócitos e monócitos),são também envolvidas neste processo. A extensão e duração da reação imune é também regulada via controle da resposta imune endógena.
Esses mecanismos são de difícil entendimento para o paciente, e para sua compreensão e ele deve solicitar o auxilio de seu medico.
De qualquer forma, um objetivo de grande interesse cientifico, são as respostas do sistema imunológico humano ao stress psicológico. Os estudos nestes campos voltam-se para as pessoas que sofrem de depressão, com a perda de seus padrões de vida ou que tenham sido expostas a outros tipos severos de stress psicológico.
A ligação entre o cérebro e o processo imunológico envolve uma rede muito complexa de fatores bioquímicos, neurohormonais e componentes imunológicos, os quais afetam tanto o sentido de emotividade quanto o sistema imunológico do paciente com Crohn.
Por isso, em muitos casos, o ataque da doença inflamatória é exacerbada pelo stress psicológico, e, muitas vezes, o tratamento do problema psicológico permite uma melhora na sintomatologia da inflamação intestinal. Discussões psicoterapêuticas, relaxamento, psicoterapia individual ou grupal, e treinamento podem melhorar os sintomas físicos e as condições gerais dos pacientes.
CONVIVENDO COM A DOENÇA DE CROHN
As doenças inflamatórias intestinais crônicas, que incluem a doença de Crohn e a colite ulcerativa, são entidades clínicas cujas causas não foram ainda conclusivamente identificadas. Por esta razão, medicamentos que tratem a causa ainda não estão disponíveis. Aliança terapêutica entre médico e paciente é caracterizada pela experiência subjetiva da doença que o paciente possui e o conhecimento e a experiência do médico que o trata. Não é infrequente a diferença entre os objetivos do tratamento para o médico e a sensação subjetiva do paciente. Todos os pacientes atravessam longos períodos nos quais a doença é melhor aceita, tolerada, e controlada, assim como outros períodos estressantes, nos quais, muitas vezes eles crêem perder a capacidade para lutar contra a enfermidade. Até que melhores métodos de tratamento estejam disponíveis, o tratamento médico limita-se à melhoria da sintomatologia e da qualidade de vida dos pacientes. Uma dieta adequada, um grande número de diferentes fármacos, assim como o tratamento psicológico e cirúrgico, fazem parte de um amplo espectro de métodos disponíveis para os médicos.
Entretanto, quaisquer que sejam os caminhos preconizados pelo médico, desde os métodos mais conservadores até mesmo uma necessidade cirúrgica, é essencial que eles sejam decidido sem uma franca cooperação médico-paciente.
A formação de grupos de auto-ajuda é particularmente importante. Ë onde os pacientes encontrarão outras pessoas com o mesmo tipo de problema, trocarão experiência, aconselhar-se-ão em relação ao comportamento, dieta e muito mais.
O médico, a família e o grupo de auto-ajuda são parte de um círculo social fechado dos pacientes com Crohn. Discussões intensas sobre a compreensão da doença, assim como as estratégias de tratamento, tornam mais fácil ao paciente conviver com a doença e sua compreensão pelo seu círculo social.
DOENÇA DE CROHN E A GRAVIDEZ
A doença de Crohn pode ocorrer em qualquer idade e, inclusive, pode-se manifestar em mulheres na idade fértil. Receios de que esse distúrbio possa afetar o transcurso da gravidez são infundados. Observações de muitos anos têm demonstrado que pacientes portadoras de Crohn durante a gravidez, apresentam melhora nos seus sintomas que parece estar correlacionada ao status hormonal da mulher.
Em muitos casos, tem sido possível a redução de medidas para tratar a inflamação durante a gravidez. Mesmo se a inflamação se tornar ativa nesse período, existem fármacos relativamente seguros para o tratamento, como a mesalazina ou os corticóides. A probabilidade de parto normal e filhos sadios é idêntica entre pessoas portadoras ou não do mal de Crohn.
A colaboração estreita entre o ginecologista e o médico que trata do processo inflamatório é extremamente importante para a detecção precoce e tratamento de qualquer alteração.
Não existe um padrão dietético para pacientes com Crohn, mas alguns parâmetros nutricionais podem auxiliar os pacientes a evitar erros na dieta. Doces e frutas em compota com alto grau de açúcar exacerbam a atividade da doença em muitas pessoas. Pão branco, pão de forma e comidas altamente condimentadas não fazem parte da dieta para pacientes com doença de Crohn e deveriam ser substituídos por alimentos com alta quantidade de fibras. Importantes fontes de fibra podem ser encontradas em pão integral e em muitos tipos vegetais. As fibras vegetais auxiliam as funções intestinais.
Entretanto, nos casos de constricção intestinal ( redução da luz intestinal ou estenose ); uma dieta pobre em fibras deve ser seguida.
Tanto médico como paciente precisam estar atentos à possibilidade de má nutrição, que pode ocorrer no ataque inflamatório ou mesmo no curso crônico da doença.
Uma deficiência protêica pode ocorrer:
- Na presença de dieta desbalanceada ou quando o paciente se recusa a se alimentar por causa do medo da dor.
- Segmentos inflamados do intestino falham na absorção adequada de nutrientes.
- Secreções inflamatórias com alta quantidade protéica são excretadas através do intestino.
- Aumento da excreção protéica por envolvimento renal.
Uma deficiência de ferro ocorre como resultado de perda sangüínea severa. Entretanto, mesmo na fase crônica da doença pode ocorrer distúrbio na utilização do ferro. Ele é um elemento muito importante na formação do sangue e no transporte de oxigênio. Por essa razão a dosagem regular e anual de ferro no sangue é necessário.
Por causa da perda de fluídos propiciada pela diarréia, distúrbios do metabolismo de água eletrólitos podem ocorrer. Estas perdas devem ser repostas pela dieta e por líquidos contendo eletrólitos.
Outros oligoelementos, como magnésio, cobre, selênio e zinco, tem um papel importante na função de vários órgãos.
Perdas dessas substâncias podem ser detectadas em "chek – up" de rotina e devem ser acompanhadas por medicamentos.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO NA DOENÇA DE CROHN
Farmacos anti-inflamatórios devem ser administrados aos primeiros sinais de ativação da doença inflamatória intestinal e mesmo na fase de remição ( quando se torna crônica com redução dos sintomas ) da doença.
CORTISONA
Corticosteroides ( prednisolona e metilprednisolona ) são um dos farmacos mais importantes no ataque da doença de Crohn; sua ação á mais eficaz quando a porção envolvida é o intestino delgado. Uma vez reduzida a atividade da doença, os corticoides devem ser gradualmente interrompidos.
SULFASALAZINA
Essa substância tem uma ação antiinflamatória exclusiva no intestino grosso, quando a sua molécula é quebrada pela bactérias presentes na flora intestinal em mesalazina e sulfapiridina, sendo que somente a mesalazina possui ação antiinflamatória local.
MESALAZINA
A mesalazina foi desenvolvida por causa dos efeitos colaterais que ocorrem com a sulfasalazina, os quais são largamente atribuídos à fração sulfonamida da substância. Muitos anos de estudo tem mostrado que a atividade antiinflamatória da mesalazina é comparável, ao nível do intestino grosso, à sulfasalazina, mas com muitos menos efeitos colaterais.
Formulações mais recentes da mesalazina tem permitido a ação antiinflamatória desde o duodeno até o reto, sendo que esta não é afetada pela presença da diarréia. A mesalazina é disponível sob a forma de comprimidos, supositórios e enema.
OUTROS fármacos também estão disponíveis para o tratamento da doença de Crohn, como o metronidazol , azatioprina , mercapitorina e ciclosporina. São farmacos que devem ser utilizados por curtos espaço de tempo e na agudização severa da enfermidade.
Finalmente, o objetivo de todo o tratamento da doença de Crohn é debelar o processo inflamatório tão eficazmente quando possível. O tratamento médico, a dieta apropriada, o acompanhamento psicológico estendem a fase de remissão da doença ao máximo possível, tornando os episódios de ataque agudos raros. Os pacientes tornam-se assintomáticos e podem continuar sua vida normal, obtendo uma alta qualidade de vida.
DIETA NA DOENÇA DE CROHN
O FIGADO, A VESÍCULA BILIAR E O PANCRÊAS NA DOENÇA DE CROHN.
ALTERAÇÕES DA PELE NA DOENÇA DE CROHN
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